Sobre Lisboa
Esse texto de autoria de Zacharias José de Oliveira Júnior traz um pequeno resumo e descrição apaixonante da cidade de Lisboa, a cidade das 7 colinas..
Texto de autoria de Zacharias José de Oliveira Júnior*
Desde a época do homo sapiens Neandertal, há 35 mil anos, que as pessoas se sentem atraídas por este pedaço de terra. Até os golfinhos, que agora mais fugidios, sempre passearam pelo Rio Tejo. "Lisboa é uma sossegada cidade com um rio largo e histórico" (José Saramago - O Ano da Morte de Ricardo Reis).
Lisboa, em cada pedaço de chão encontra-se uma ou mais histórias. Aqui em “Alis Ubbo” (Fenícia), “Olissipo” (Lusitânia Romana), “Ulishbona” (Suevo), “Al-Ushbuna” (Árabe/Muçulmano), até chegar a atual “Lisboa”, nascem os olisiponenses, lisbonenses, lisboetas ou alfacinhas.
Através do avião que chega a Lisboa, consegue-se ver o quão bonita ela é. A imagem assemelha-se a um Cartão-Postal desenhado cuidadosamente e cheio de detalhes em 3D. O antigo e o novo fazem parte desse cenário, assim como a sua história, a sua floresta e o seu Rio que, vindo do País vizinho, depois de mais de mil quilômetros de caminho, nesta cidade, se une ao Atlântico. Também pode-se apreciar essa belíssima vista de Lisboa com um lindo por do sol, sentado na esplanada da Casa da Cerca, situada na zona antiga de Almada. Uma casa construída entre finais do século XVII e inícios do século XVIII, que foi a casa senhorial de uma quinta de recreio, conhecida como “Palácio” ou “Quinta da Cerca”.
“Lisboa é um livro onde se escreve intensamente o seu presente. Difícil, é saber onde começou e, impossível, é projetar o final dessa história.”
Em 1255, Lisboa sendo a cidade mais importante de Portugal, era uma cidade vibrante, rica e multicultural, onde conviviam portugueses, africanos, indianos, chineses, japoneses, judeus e outros povos. A cidade era também um polo de cultura e de ciência, onde se destacaram figuras como o poeta Luís de Camões, o cronista Fernão Lopes, o matemático Pedro Nunes e o navegador Vasco da Gama.
Lisboa resistiu a vários desastres, como o maior terramoto, o de 1755 (Segundo maior terramoto em Lisboa em 26 de Janeiro de 1531. Outros dois terramotos em Lisboa em 1344 e 1909) e a invasão francesa de 1807.
“Na manhã de 1 de Novembro de 1755 sentiu-se o primeiro tremor e apenas uns minutos depois sentiu-se o segundo, muito mais violento, que reduziu metade da cidade a destroços. O terramoto provocou um maremoto que varreu a cidade quase por completo.
Barcos, docas e edifícios foram destruídos pela fúria das águas e milhares de pessoas foram arrastadas para nunca mais serem vistas.
Como se tudo isto não bastasse, um fogo terrível deflagrou pela cidade, ardendo durante três dias seguidos e destruindo o pouco que restava de Lisboa. Ao todo, perderam-se 60.000 vidas só em Lisboa e outros tantos milhares morreram noutras áreas. O sismo foi sentido por quase toda a Europa e no noroeste de África.”
“A cidade soube reconstruir-se e renovar-se. A capital acompanhou as mudanças políticas e sociais do país, como a implantação da República em 1910 e a Revolução dos Cravos em 1974, e tornou-se numa cidade mais democrática e mais desenvolvida.
Em 1986, Portugal entrou na União Europeia e, doze anos depois, em 1998, Lisboa foi a sede da Exposição Universal, que transformou a fisionomia dessa bela cidade. No mesmo ano, um grande incêndio arrasou o bairro do Chiado.
Ainda hoje, depois de três décadas em Terras Lusitanas, há sempre alguma novidade para se ver em Lisboa.
No entanto, procurei estar atento aos mais variados atrativos que esta cidade tem. E são infinitos.
Aqui existem uma enorme variedade de museus, monumentos, igrejas, palácios, jardins, miradouros, praças e ruas para descobrir e admirar.
Algumas histórias ficaram enterradas no tempo assim como vestígios de algumas civilizações são encontradas no subsolo, enterradas no seu chão.
Existem, por exemplo, as “Galerias Romanas da Rua da Prata” com mais de 2.000 anos, uma estrutura romana com muitas diferentes interpretações quanto à sua função original. Pode ser visitada, apenas, duas vezes por ano. Três dias em Abril e três dias em Setembro. É curioso que o acesso ao seu interior seja feito através de um alçapão localizado no meio da Rua da Conceição.
Passando pelo Castelo de São Jorge ou na Sé de Lisboa irá encontrar achados arqueológicos que provam que os Fenícios estiveram nesta cidade cerca de 1200 anos a.C. Assim como o Teatro de Olisipo, construído há 2000 anos na encosta do Castelo e com uma capacidade para cerca de 4000 espectadores.
Tantos são os monumentos nesta cidade:
- Convento do Carmo – ruínas do Convento do Carmo – de estilo Gótico, que ficou em ruínas com o Terramoto de 1755;
- Catedral de Santa Maria Maior - Sé de Lisboa;
- Torre de Belém, que já foi uma prisão;
- Mosteiro dos Jerónimos;
- Panteão Nacional - Igreja de Santa Engrácia, onde se acolhe e homenageia algumas das mais importantes personalidades da história e cultura portuguesa de todos os tempos. Considerada a igreja com o maior tempo entre o início e a conclusão das suas obras. O trabalho começou em 1681 e só foi concluído em 1966;
- Praça do Comércio - antigo Terreiro do Paço – um lugar cheio de histórias; 
- Baixa de Lisboa ou Baixa Pombalina;
- A Ponte Vasco da Gama, inaugurada em 1998, é uma das pontes mais bonitas da Europa;
- O Oceanário de Lisboa é um dos maiores aquários do mundo. A grande bacia, representando o Oceano Global, tem mais de 5 milhões de litros de água. O tanque tem 6 metros de profundidade e um diâmetro de aproximadamente 30 metros. As espécies e o colorido que a fauna marítima proporciona é sem dúvida algo digno de se ver;
- Estação Ferroviária do Rossio, uma das mais bonitas do mundo; e tantos outros monumentos.
Quanto mais alto se sobe, mais longe se avista (José Saramago - O Ano da Morte de Ricardo Reis).
As sete colinas de Lisboa, tal como Roma: São Jorge, São Vicente, São Roque, Santo André, Santa Catarina, Chagas e Sant'Ana. Sendo que em termos históricos, uma delas, a colina da Graça (a mais alta de todas, com o Miradouro da Senhora do Monte), foi ignorada propositadamente para que o mito das 7 colinas sob as quais se ergueu Roma se aplicasse, também, à cidade de Lisboa.
Com tantas colinas, são muitos os miradouros de onde se pode ter uma privilegiada vista de Lisboa numa experiência única.
Pelas ruas e praças de lisboa encontram-se nas igrejas, fachadas de prédios, por vezes, de particulares e diversos painéis de rua, os mais bonitos azulejos atuais e antigos. Algumas ladrilhadas a preto e branco com origens em São Vicente, ou seja, o branco é representado pela roupa dos cruzados, enquanto o preto era a cor preferida de São Vicente.
Uma visita ao “Museu do Azulejo” ajuda-nos a entender melhor esse tema.
“Lisboa é hoje uma cidade que se destaca pela sua cultura, pela sua diversidade e pela sua beleza e que tem muito para oferecer aos seus habitantes e aos seus visitantes.” É também uma cidade que celebra a sua identidade e a sua diversidade, expressando-se através da música, da literatura, do cinema, do teatro, da dança, da pintura, da escultura e de outras formas de arte.
Estar numa cidade moderna e poder tomar, “com ou sem elas” (relativamente ao fruto), uma ginjinha na loja “A Ginjinha”, no Rossio, que serve a sua “Ginjinha Espinheira” desde 1840, é poder transportarmo-nos para um passado que não vivemos. Sem falar da delícia que é beber aquele licor. Ali perto, o belíssimo Teatro Nacional D. Maria II, inaugurado em 13 de abril de 1846, foi construído sobre os escombros do Palácio dos Estaus.
E por falar em teatro, outro imponente é o Teatro da Trindade, inaugurado em 1867. Mas, existem vários outros nesta cidade, não menos importantes e bonitos como os já mencionados. É o caso do Teatro Nacional de São Carlos, do Teatro São Luiz, do Teatro Politeama, do Teatro Maria Vitória e tantos outros. A considerar ainda a sala de espetáculos “Coliseu dos Recreios (1890)” e a “Praça de Touros Monumental do Campo Pequeno (1892)”.
Lisboa promove uma agenda cultural com diversas apresentações e espetáculos para um ano inteiro.
Para quem vai visitar o Bairro Alto não pode deixar de lado as estátuas de dois contemporâneos poetas do século XVI que poderão ser vistos próximos um do outro: António Ribeiro e Luís Vaz de Camões. Não menos importante, embora de outra época, encontra-se a estátua do famoso poeta Fernando Pessoa, também, no Chiado. Ali perto, no Miradouro de Santa Catarina, está a imponente Escultura Adamastor.
Já a Mouraria, um dos bairros típicos da cidade, tem este nome porque era a zona onde moravam os muçulmanos.
Uma das menores livrarias do mundo está em Lisboa. A Livraria Simão está situada nas Escadinhas de São Cristóvão, em Alfama. Encontra-se repleta de obras literárias com cerca de 4.000 livros para, apenas, um cliente por vez, dado o seu pequeno espaço.
Para um “bom prato”, comer em Lisboa é uma tentação. A sua gastronomia é muito influenciada pela sua proximidade do mar. Especialidades tipicamente lisboetas são as pataniscas de bacalhau, peixinhos da horta, a sardinha assada no pão (principalmente na festa dos Santos Populares que ocorre durante o mês de junho), dentre outras.
E o fado, acompanhado por instrumentos como a guitarra portuguesa, o violão, o baixo e a viola, nasceu nas ruas dos bairros populares de Lisboa, no século XIX, e inicialmente era cantado apenas por homens. Foi proibido durante o regime ditatorial em Portugal, por ser considerado um estilo musical associado à pobreza e à marginalidade. No entanto, foi uma mulher, Amália Rodrigues, que se consagrou como a “Rainha do Fado”. A palavra “fado” vem do latim “fatum”, que significa destino ou fatalidade.
Vale à pena ouvir um bom fado e são várias as opções em Lisboa.
Festas dos Santos Populares e Ano Novo são um espetacular momento de convívio familiar. As ruas ficam repletas de gente.
Há tanto para se descobrir nesta cidade.
Lisboa é hoje uma das cidades mais visitadas da Europa, atraindo milhões de turistas todos os anos.
Trata-se de uma cidade que preserva o seu património histórico e artístico, mas que também se renova constantemente com novas tendências e manifestações culturais.
Lisboa é hospitaleira, simpática e acolhedora.
Uma cidade que encanta quem a visita.
*Zacharias José de Oliveira Júnior, vive em Lisboa desde 1990.
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